Texto Áureo: Fp. 4.8 – Leitura Bíblica: Fp. 4.5-8
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
INTRODUÇÃO
Na lição de hoje daremos continuidade às orientações dadas por Paulo em relação à paz e aos sentimentos dos cristãos. Estudamos, na aula passada, que a oração é o antídoto contra a ansiedade, e que, por meio desta, obtemos a paz. Mais especificamente, nesta aula, trataremos a respeito da mente do cristão. Veremos que nossos pensamentos exercem papel preponderante para uma vida cristã equilibrada. Destacaremos a importância de voltarmos nossos pensamentos para as coisas que são de cima, não para as que são de baixo (Cl. 3.1).
1. ANSIEDADE, A DOENÇA DO SÉCULO
O coração nas Escrituras é a sede das emoções, dos sentimentos, por isso Paulo orienta os irmãos filipenses a colocarem suas mentes em Deus, a viverem em alegria e a buscarem a paz de Deus, a fim de guardarem suas mentes e emoções da ansiedade (Fp. 4.5,6). A mente do mundo, isto é, sua forma de pensamento, conduz as pessoas ao desespero, à ansiedade, e, às vezes, à depressão. Para não nos deixar conduzir pelo modo do mundo ver a realidade, não podemos nos conformar com ele, antes ter a mente renovada, de acordo com a vontade de Deus, que é agradável, boa e perfeita (Rm. 12.1,2). Se mantivermos nossas mentes em Deus, poderemos desfrutar da sua maravilhosa presença, ter a convicção de que Ele estará conosco. Muitas igrejas não sabem mais o que é a presença de Deus, nelas o Senhor está ausente, há apenas rituais religiosos. Algumas atividades da igreja geram ansiedade, pois seus membros não conseguem mais confiar em Deus. Se aprendermos a depositar nossa confiança no Senhor, e a ter a convicção de que o Deus de paz está conosco, guardaremos nossos sentimentos nEle (Fp. 4.9). As emoções do cristão não estão à mercê das circunstâncias mundanas, muito menos dos valores que a sociedade moderna escolheu. Jesus ensinou seus discípulos a não viverem demasiadamente preocupados, antes a confiarem na providência divina (Mt. 6.28-30). Deus sabe das nossas necessidades, devemos trabalhar, suprir as carências familiares, mas não nos tornar escravos do consumismo, e não nos deixar levar pelas imposições da mídia. A Palavra de Deus não promete que teremos tudo que desejamos, na verdade muitos pedem e não recebem porque o fazem tão somente para satisfazer seus deleites (Tg. 4.3). A igreja secularizada absorveu o espírito deste mundo, se tornou um antro de consumismo, distorceu os valores bíblicos. A promessa de Deus, para aqueles que depositam confiança nEle, é Sua presença, e uma paz que o mundo não conhece (Jo. 14.27), e que excede a todo conhecimento humano, inexplicável para a psicologia moderna.
2. A PAZ QUE EXCEDE TODO ENTENDIMENTO
A paz que o crente desfruta não é natural, não depende de fatores externos, não pode ser confundida com felicidade. Esta se sustenta em condições materiais, tais como riqueza, fama e poder. Mas a Paz de Deus é resultado de uma experiência profunda com o Espírito Santo, que produz, em nós, e conosco, o Seu fruto (Gl. 5.22). O Espírito Santo está trabalhando para a nossa santificação. O mesmo Espírito que ressuscitou a Jesus Cristo dentre os mortos está atuando com vistas à nossa maturidade espiritual (Hb. 13.20; Ef. 1.19,20). Evódia e Síntique, as servas de Deus de Filipos, precisavam aprender a desfrutar dessa paz, que é demonstração de equilíbrio espiritual. O crescimento espiritual do crente é demonstrado através da sua capacidade crescente para enfrentar as situações adversas. Essa paz é a shalom, que, na língua hebraica, tem a ver com a dimensão integral do ser humano. O cristão que desfruta dessa shalom não se abate quando as circunstâncias são desfavoráveis. Antes se dirige a Deus em oração, apresentando suas necessidades, e se for o caso, inquietações (Fp. 4.6). A paz com Deus nos foi dada através de Jesus Cristo, quando morreu e ressuscitou pelos nossos pecados, dando-nos justificação (Rm. 5.1). Mas a paz de Deus vem com a maturidade cristã, principalmente através dos momentos de oração (Fp. 4.6). A oração contribui para a disciplina da nossa mente, ela põe o foco na Pessoa certa, nos direciona para o Deus de paz. Sem oração, tornamo-nos alvos fáceis do pragmatismo moderno, jamais aprenderemos a esperar com paciência no Senhor (Sl. 40.1). Esta geração desaprendeu a orar, o ativismo nas igrejas é um sintoma dessa triste realidade. Queremos fazer muito para Deus, dependendo apenas de nós mesmos. Sem Jesus nada poderemos fazer, mesmo os resultados humanos não passam de aparência (Jo. 15.5; Ap. 3.17).
3. EQUILÍBRIO NA VIDA CRISTÃ
A vida cristã equilibrada, sem se deixar conduzir por extremos, é uma operação divina, mas carece da participação humana. Os crentes precisam fazer alguma coisa para desfrutarem da alegria e da paz de Deus que excede todo entendimento. O Apóstolo os ordena a pensar – logizomai em grego – primeiramente no que é verdadeiro, alethe em grego, quer dizer “verdade”, mas em oposição ao que é ilusório. Muitos crentes estão pautados no que é aparente, não no que é real. Existe uma cultura do aparente na sociedade, a mídia tem trabalhado para distorcer a percepção das pessoas. A cultura do entretenimento está invadindo as igrejas, as pessoas vão para os cultos para se divertirem, não para ouvirem a Palavra de Deus. Alguns cultos parecem mais com programas de auditório, muita espetacularização, luzes e malabarismos. A teologia da ganância, com o nome de prosperidade, está deturpando o conceito bíblico de espiritualidade, o ter está sendo substituído pelo ser. Essa teologia do engano está sendo repassada como se fosse verdade, e está tirando a paz de muitos crentes, que buscam felicidade, mas não alegria do Espírito, riqueza material, não tesouros no céu. (Mt. 6.19-21). Paulo diz ainda que os crentes devem buscar tudo o que é respeitável, isto é, honesto, sem duplicidade de caráter. A desonestidade está naturalizada na sociedade por causa do pecado. Neste país, em que a política fomenta a corrupção, a corrupção é confundida com benção, há até os que agradecem pela propina a Deus pela propina. Diferentemente do mundo, o crente busca o que é justo, dikaios em grego, que tem a ver com retidão, que o responsabiliza diante do outro. Ele pauta a sua vida na santidade, na pureza, hagnos em grego, investe em valores morais, sobretudo no seu caráter. Nesse caminho do equilíbrio espiritual, busca também o que é amável, prosphiles em grego, que são as coisas agradáveis decorrentes do genuíno amor cristão (I Co. 13). Ao invés de pensar que é torpe, o cristão medita naquilo que é de boa fama, euphemos em grego, ou seja, palavras que não distratam os outros. E por fim, seu pensamento não está voltado para a malícia, mas para a virtude, arete em grego, que é a excelência da vida cristã, e para o que merece louvor, apaino em grego, o que não é vergonhoso.
CONCLUSÃO
O pensamento exerce papel preponderante nas atitudes do cristão, é a partir da mente que o cristão pode ter uma vida equilibrada. Por isso, devemos buscar ter a mente de Cristo, para não pensamos de acordo com o mundo (I Co. 2.16), que jaz no Maligno (I Jo.5.19). Essa não é uma tarefa fácil, trata-se de um exercício espiritual, que deve ser buscado continuamente. Para tanto, faz-se necessário levar cativo todo entendimento à obediência de Cristo, reconhecendo Seu senhorio sobre as nossas vidas (II Co. 10.4,5).
BIBLIOGRAFIA
BOICE, J. M. Philippians. Michigan: BakerBooks, 2000.
WIERSBE, W. W. Philippians: be joyfull. Colorado: David Cook, 2008.
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